segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quando a ausência se torna presença

Há anos busco uma resposta para entender um amor, até hoje, incompreendido, mesmo sabendo, através dos poetas e da experiência, que um amor não precisa ser explicado, mas, simplesmente, vivido. Porém, refiro-me a uma história de amor de dois seres que declaram se amar, apesar de nunca terem convivido e, sendo assim, mal conhecem as qualidades e defeitos do outro.

As minhas dúvidas são: O que os tornam especiais um para o outro? Seria a distância e o tempo que os separam? Estes empecilhos não deveriam ser motivos para acabar com a romance?? E, como não acabou até hoje, o que os mantém ligados após tantos anos? O que eles realmente amam? O outro? Ou a imagem que eles têm do um do outro? O sonho? Ou a realidade?

Ouvindo Jackie Kay (uma autora afro-escocesa, como ela mesma se identifica, que conta a sua própria história de vida sobre a busca e o encontro de seu pai biológico), na FLIP, acho que encontrei a base da resposta para todas essas perguntas e desvendei o grande enigma que me acompanha há anos... A razão desta forte ligação com o passado pode ter sido a ausência que se tornou uma presença constante, fortalecendo os sentimentos, o mistério, a atração, o encanto, o sonho, a fantasia, e se transformou no elo entre duas pessoas que estão distantes, mas ao mesmo tempo juntas, duas pessoas que têm suas realidades completamente diferentes, mas que apesar de passarem meses ou anos sem se encontrarem, pensam uma na outra todos os dias de suas vidas.

Nós, seres humanos temos a terrível mania de supervalorizar aquilo que não temos... Queremos sempre mais! E, muitas vezes, mais do que o outro é capaz de nos dar... Gostamos de sair da rotina, de ter histórias para contar, gostamos de conquistar e de ser conquistados, gostamos de adrenalina e de sentir o sangue nas veias... Queremos algo novo e inesperado, queremos ser desejados, queremos ser surpreendidos, queremos ser amados!

Como disse Drummond, em sua poesia A Memória, “amar o perdido deixa confundido este coração” e “as coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão”... E, sob o meu ponto de vista, não há nada melhor que a dúvida para manter uma ideia fixa em nosso pensamento, não é mesmo? E é neste ponto que eu queria voltar, quando algo ou alguém parece inatingível ele se torna muito mais desejável, porém, muitas vezes, ao conquistá-lo, corremos o risco de nos decepcionarmos, percebendo que nossas expectativas eram maiores que a realidade, pois nem tudo sempre é como parece. Por outro lado, quando a expectativa é correspondida, a felicidade é certa!

Quanto mais desejamos aquilo que não temos, mais mantemos o nosso pensamento fixo, transformando a ausência em uma presença constante. Porém, quando a ausência, pela distância, se torna presença é uma alegria, mas quando a presença, através do tempo, se torna ausência é uma tristeza. O ideal seria que a presença e a alegria fossem eternas e a ausência e a tristeza jamais existissem.

Enfim, o que realmente importa é que, apesar da distância, do tempo, da ausência, das tristezas, das dificuldades, das dúvidas, dos questionamentos ou das possíveis respostas, o que sobrevive é o amor, que mantém vivas as recordações, as alegrias, a saudade e a esperança de, quem sabe um dia, serem felizes para sempre!



6 comentários:

Regina disse...

Oi linda!!
Concordo muito com tudo o que vc disse,porém entendo tbm que as almas se buscam quando se amam através dos tempos.A distância física não impede que seres afins continuem se amando pra sempre e apesar de td.
Acredito que vários motivos podem levar alguem a ter grandes sentimentos por outro distante.Mas tenho certeza que o principal deles seja o amor,esse qd verdadeiro ñ se acaba, daí as almas se buscarem seja em que tempo for.
Penso tbm na ligação de outras vidas(claro,esse é um"pensamento meu" reencarnacionista que sou).Mas seja lá o que for,é sempre mto bom ter alguém querido povoando nossos sonhos e pensamentos,perto ou distante.
O bom é amar sempre!!
Bjão grandão !

Lucimara Fernandes disse...

Oi Rê!!
Como é bom encontrar alguém que acredita nas mesmas coisas! Eu sou kardecista e percebo que seguimos as mesmas crenças, o que explica a nossa instantânea afinidade, minha amiga! Mas, apesar da crença na reencarnação, encontrar esta explicação sobre a "ausência que se torna presente" esclareceu muita coisa para mim...
E concordo plenamente com você, pois amar é fundamental! rs
Muito obrigada pela participação!
Grande beijo!

Karina Aldrighis disse...

Oi Amiga, marquei presença! Lindas palavras, e sábias palavras de Drummond, quase nunca estamos satisfeitos com o que temos, e parecemos sempre perseguir o impossivel, como se nisso dispertassemos o prazer, pobres de nós mortais...rsrsrs
Parabéns pela matéria, como sempre
raciocinando a respeito das afliçoes dos seres humanos. Tamos esperando sua visita! bjs Karina

Lucimara Fernandes disse...

Oi amiga!!!
Adoro te ver por aqui!!! Sua presença é muito importante para mim!! rs
Obrigada! Quanto ao Drummond, voltei inspirada por ele da FLIP! Parece que tudo se encaixou, a frase dele na Tenda dos Autores, depois o comentário da escritora escocesa, e logo após comprei uma coletânea dele e dei de cara com a poesia A Memória, juntei tudo as minhas próprias aflições e o resultado foi este... Fico feliz que tenha gostado!
Te ligarei nos próximos dias para visitá-las!
Bjs

Unknown disse...

Muito Bonito! Não posso dizer nada, agora, a respeito, senão: "E a tristeza vem por cada alegria que apontava um futuro bom." (cimatti)

Lucimara Fernandes disse...

Oi Alexandre,
O tamanho do comentário não me importa, fico feliz de saber que passou por aqui! Percebi que o texto te trouxe recordações que te emocionaram... Mas não se deixe abater com tristezas... Valorize apenas as boas lembranças!
Obrigada pela participação!
Um abraço!